domingo, 9 de março de 2008

Excluído digital

Existem algumas lendas urbanas soltas por aí. Boatos espalhados como verdades absolutas. Algumas destas “inverdades” até me dizem respeito. Uma delas - olhem o absurdo - chega a apregoar (na boca pequena) que fui (e ainda sou considerado) um ótimo aluno! “...” (!?) Como assim??? Despropositado axioma pode ser facilmente refutado. Exemplos não faltariam para derrubar tamanho disparate. Nem vou citar minha estadia no ensino público, aka inerente falta de gosto ou incentivo ao estudo tão típico nas precárias escolas estaduais - das quais freqüentei só para degustar uma apetitosa merenda diária, sem demonstrar qualquer fome pelos risíveis aspectos educacionais envolvidos.

Um dia, eu ainda conto como chegávamos as 7 da matina religiosamente, íamos direto pra quadra, matávamos todas as aulas (por falta de professores e negligencia dos educadores mais desleixados - tipo a detestável-ridícula professora Meire) e depois aparecíamos - rapidamente - no pátio, só para rangarmos repetindo o prato. Assinando, num pulo rápido na sala sem-aula, a lista de presença para arrebentarmos nossas calças jeans até o final do expediente, sem culpa - afinal, a quadra era lotada de pedregulhos cortantes/raspantes em graus elevados. E nossas partidas eram disputadíssimas (Marquinho e sua perna quebrada em 2 lugares é uma prova cabal disso). Isto porque estou pulando os intervalos onde aproveitávamos as carteiras vazias pra jogar ping-pong (com o apagador funcionando uma beleza como raquete improvisada). Mas vou deixar estas partes. Indo direto para o ambiente universitário. Lugar sério-lapidar sobre meu real comportamento enquanto aluno “reconhecidamente exemplar”.

Lembro vividamente. No primeiro dia, Mário (Bros.) apareceu na classe, nos convidando para uma palestra de boas vindas. Ao ser perguntado sobre seu nome, o sabichão respondeu apelando para uma frase bíblica: “Eu sou o que sou” (!). No que rebati prontamente: “Então, ‘Sr. Sou’, posso te chamar pelo primeiro nome???" Malcriação que teria futuramente seu preço... Bem amargo. Quando as coisas entraram em seu prumo comum, nos dias seguintes, Mário retornou para ministrar sua primeira aula de informática. Perguntando (sarcasticamente) de prima sobre o conhecimento prévio de cada aluno sobre o assunto. No meu caso, respondi secamente, até brincando com a exclusão:

“Estou abaixo da linha da miséria neste tema!”

Numa total honestidade. Sequer tinha PC em casa e nem sabia ligá-lo sem aparecer umas interrogações de como fazê-lo. Sinceridade aparentemente tomada como uma piada inapropriada. Com esta, já tinha dado duas mancadas. Os olhares de desaprovação de “Bros. Snake” denunciavam. Estava em apuros e na marca penal. Não tinha qualquer noção sobre computadores e de forma alguma poderia contar com a boa-vontade do famoso mascote da Nintendo®. Pra “melhorar”, não tardou para fazermos nossa primeira prova... Em duplas, nos reunimos nos minguados computadores disponíveis. Sidnelson sentou-se comigo - estava aparentemente tão perdido quanto eu - assim, tentamos começar o fatídico exercício prático. Tentamos.. Tentamos... Tentamos... E tentamos... Não ajudava o fato de não conhecermos muito da matéria, é verdade. Muito menos os 3.456 vírus que nos tomaram uma hora (!) sem podermos aprontar nosso trabalho.


E isso foi levado em conta na avaliação final??? Não. Logicamente paguei (como alertei anteriormente) por jamais ter fechado a matraca em momentos prévios cruciais (nem sei mais se tal contaminada plataforma nos foi passada propositadamente, só de sacanagem). Com pouco tempo sobrando, parca desenvoltura no uso do mouse/teclado, conseguimos male-male fazer algo. Antes de mais um “pau” homérico impedir a correta gravação do arquivo. Havíamos perdido tudo!!! E minutos nos separavam do ponto final daquele torturante teste. Gritávamos por SOCORRO!!!

Entretanto, na tentativa (desesperada!!!) de salvar o citado-corrompido material, encontramos - no apertar louco de botões - as provas da turma da noite, exatamente iguais as nossas e já respondidas (ainda bem, ufa...) no dia anterior. Felizmente, armazenadas prestativamente bem acessíveis a nós. Não tivemos dúvida, mudamos uma delas (pra pior, para não levantarmos suspeitas depois de tamanho sufoco) e entregamos um produto de merecida-sabida nota 5. O suficiente para salvarmos nossas vidas diante de tanto problema e indisposição com o teacher. Não foi à toa que minhas piores “médias” nos 4 anos de faculdade se concentraram (exclusivamente) neste horrendo 1º semestre...

Depois disso, passei (inquisitoriamente) a gastar preciosas tardes nas salas de informática tentando não ficar atrás nas próximas sessões de masoquismo virtual. Conseguindo melhorar meu score gradativamente. Os meses foram passando e aos poucos aquela péssima impressão inicial desapareceu completamente, pois logo fiquei amigo de Mário, este, sempre se mostrando solícito para comigo (pelo menos). Ainda bem. Principalmente para um mau aluno como eu. Portanto, releguem qualquer menção as minhas (supostas) qualidades enquanto estudante. Elas podem não ser muito condizentes com a realidade. Dos fatos principalmente. Assim sendo, meu histórico curricular pode resvalar numa fonte pouco confiável - como observado desde o início. Não é mesmo?

domingo, 2 de março de 2008

Dores

Maledita gripe que me agride!

Custa a passar e volta numa facilidade...

E não é por falta de cuidados, não... Até “Vitamina C” ando tomando, assim como uns inesperados - e seguidos - banhos de chuva FRIA. Safadamente (sempre) caindo feito dilúvio. Nestes dias de sol a pino. Quando nem me lembro do guarda-chuva.

Tempo maluco. E imprevisível.

Falando nisso...

Fui daquelas crianças que adoecia repentinamente quando não ganhava determinado presente - já prometido, às vezes, da boca pra fora. Contava dias e horas para receber algumas destas dádivas tão desejadas. Esperava na porta. Sonhando com embrulhos desembarcando do carro para meus braços. Acabava acamado igualmente quando não conseguia o que queria. Planos frustrados por vontades alheias. Aka falta de incentivo à cultura. Engraçado que minhas crises financeiras causavam doenças curadas unicamente quando minha mesada era auxiliada por bonificações médicas emergenciais. Deveria ter feito gráficos a respeito. Onde bonança no bolso era proporcional a saúde estável.

Num destes momentos, amontoei minhas riquezas, arrombando porquinhos estratégicos, para comprar “A Morte do Super-Homem”. Mas a danada da revista custava mais caro do que o esperado. Ficaria sem a leitura almejada durante meses de expectativa entre o lançamento do (dito) “Evento do Ano” nos EUA e posteriormente na banca mais próxima. Acreditem, nunca dei muito importância pro Homem de Aço. Na verdade, acho este personagem um tanto *quanto* sem graça. Jamais colecionei seu gibi. Conhecia-o mais pelos (ótimos) filmes. E desenhos animados.

Entretanto, sua apocalíptica luta final parecia tentadora demais. Ao ponto de merecer uma edição especial. Com folha luxuosa e um preço de capa absurdo para minhas contas pessoais. Acabei convalescendo na cama quente. Depois de chorar cada segundo perdido sem a posse de um bem tão precioso. Para minha sorte, logo meus pais perceberam a súbita tristeza do filho caçula, amparada pela palidez acentuada. Na época, tomaram minha doença de verão como “saudades” do meu irmão, este, curtindo uma viagem de formatura (muito) longe de casa. Afinal, nem sei se havíamos nos separado durante tanto tempo assim até aquele momento. Ganhei algumas bufunfas extras para superar a dor da separação. Corri para o jornaleiro como se não houvesse amanhã.

Abusando do bem-estar antes abalado. Combalido. Comprei tal relíquia, voltando para minha cama num gesto pródigo e rápido. Aproveitei o merecido descanso aconselhado aos internados para transpassar a fantástica edição de cabo a rabo. Várias vezes. O resultado? A melhor história do Azulão que já li ou lerei. Valeu à pena? Não sei. Era o tipo de escolha fugidia. Simplesmente acontecia. Aquém de minhas capacidades preventivas. Ou não...