domingo, 26 de agosto de 2007

Meus 10 melhores momentos esportivos

Naturalmente, como qualquer brasileiro que já jogou bola na vida (e não se tornou um Kaká ou Ronaldinho Gaúcho) fui um craque injustiçado. Talento perdido por puro azar, falta de sorte, pé gelado, mal olhado e - talvez - ausência de bons empresários, que soubessem reconhecer/vender meu potencial “fora de série”. Lamentavelmente ignorado pela mídia, só posso imaginar o que teria acontecido se meu top 10 (pessoal) - de lances magistrais - tivesse sido de conhecimento público:

1. Jogo corrido na arena society do Jardim Morumbi, os times com camisa enfrentam os “sem” na areia molhada pela chuva ininterrupta. Partida dura, disputada, sobra vontade e técnica escassa, até que certo “japonês” aparece do nada. Unindo força e habilidade, foi o destaque - fiel da balança que levou seu time descamisado à vitória. Duas partidas antes, levei uma pancada no rosto, meus olhos incharam na hora, quase se fechando. Continuei jogando, os competidores que chegavam atrasados (e esperavam de “próximo”) logo notaram o tal “nipônico” - de olhos quase fechados - acabando com os adversários. Passei-me por jogador japonês sem saber, ainda que tratasse a pelota como manda o verdadeiro futebol brasileiro.

2. Quadra comunitária do Vale do Sol. 10 minutos ou dois gols, cada turma vem com sua equipe montada da rua. Após algumas boas vitórias, o momento de maior glória: do meio da cozinha mandei um “sem pulo” – de costas – para o barbante, balançando a rede e incomodando a coruja do ângulo esquerdo. Golaço ovacionado. Espectadores boquiabertos aplaudiram de imediato. Sai fingindo não comemorar. Estava curtindo a maior "marra" de todas.

3. Gramado central do mesmo Vale do Sol. Tarde propensa aos futebolistas, improvisado na zaga, ainda não tinha aparecido pra torcida até sair jogando depois de mais um desarme elegante. De cabeça erguida, ouvi alguém gritar de longe: “Toca lá na frente”. Imediatamente – calando Morsa - fiz um lançamento de 100 metros, colocando o atacante (autor do aviso distante) na cara do gol (e com a bola encaixada em seus pés). Rede estufada, o “artilheiro” tenta agradecer pelo passe inspirado. Uma, duas, três vezes. Não lhe respondi em nenhuma. Estava na segunda maior "marra" de todas.

4. Gramado secundário, partida preliminar típica de final da tarde, pós-treino. Recebendo a “redonda” pela lateral esquerda, fiquei apertado pela marcação na saída de bola. De costas, consegui dar um calcanhar na “criança” e mandá-la no vão das pernas de quem se preparava para dar o bote. Pulei o carrinho do cavalo e peguei a “esférica” livre do outro lado - pronto (e preparado) para mais um ataque. Três “amigos” do rapaz humilhado rolaram imediatamente no gramado, risonhos e com espasmos de tanto gargalhar.

5. Rua 18, futebolzinho nosso de cada dia. Recebo o passe na fogueira. Viro-me do jeito que posso. Amigo vem e vai - no vazio. Faço a bola falar “ta aqui” e depois “não ta mais”. Três vezes seguidas. O tio do rapaz chega a exclamar: “Nossa!”

6. Passe comprido, calor dos infernos, domingão folgado... De um lado da calçada, mato a bola no peito e a trato de “meu bem”, jogando-a (ainda com o peito) para quem vinha livre do outro lado da rua. Transeuntes que passavam pelo local aplaudem a plasticidade da bela jogada.

7. Escola Major Miguel Naked. Aula de educação física. Seguindo o rodízio de posições, paro no gol. Visto as luvas e fecho a porteira. Até mesmo para os companheiros de time. Um deles, impaciente, tenta tirar o perigo da área e manda um balaço para a própria meta. No reflexo, dou uma ponte digna de Yashin, encaixando a bolota nos meus braços. Palmas ecoam por toda a quadra, vindos das meninas que (até então) treinavam no terreno ao lado. Elas pararam para observar justamente na hora da defesa “milagrosa”.

8. Campeonato de duplas. Sem companheiro, ausente pela gripe, quase fico de fora do torneio. Me junto a um desconhecido - que havia sobrado - e começo a competição de rua se multiplicando em campo. Resultado: taça, artilheiro e defesa menos vazada. O “banho” nos times “entrosados” acaba compensando todas as centenas de milhas corridas a mais. Nenhum exame anti-doping fora realizado durante o evento.

9. Desafio! Sozinho, enfrento dois amigos. O perdedor paga a Coca-Cola. Posicionado entre a dupla, intercepto os passes, fecho os espaços para dribles e me lanço em mortais contra-ataques. Ganho com larga margem de vantagem, apesar de todas as desvantagens. Intoxiquei de tanto refrigerante (na faixa), principalmente vendo a “cara” dos derrotados...

10. Campeonato escolar. Jogo Final. “6º série” 2 x 1 “1º Colegial”. Vencíamos. Faltavam dois minutos... No banco, “descansando” por não ter pago ($$$) as taxas do torneio (uma “vaquinha” das mais safadas para comprar as medalhas), assisto nosso (até então) melhor jogador ser expulso. Sem saída, sou colocado no jogo, recebendo um conselho do colega advertido com o vermelho: “Entra lá e quebra os caras”. Entro no maior gás, segundos depois, já participo de minha primeira jogada... Provando (definitivamente) que meu futuro no futebol não poderia ter sido outro. Sabe o q eu fiz? Nem te conto...

“Fui na bola, seu juiz...”

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